sábado, 12 de dezembro de 2009

_A Hora da Partida



Vi dois cachorros deitados na rua. Duas rubras insígnias tatuadas no passeio público. Olhares oblíquos ondulando os ares, fazendo carícias nas minhas orelhas agudas. Cá dentro uma rapariga com seus cotovelos trepados na mesa, insinuando seus lábios em falas manhosas.
Aquela paisagem dengosa, uma pérola negra vestida de branco, chorosa de medo da minha partida.
Perguntou-me: - Tu ficas?
Respondi, com um sorriso sarcástico de canto de boca: - Tu sentirás saudades?
Era súplica todo o seu corpo, era um pesar misturando-se aos pratos estampados em cima da mesa. Bati a porta, olhei as coisas de fora. Sem dó, remorso, piedade.
Naquele dia senti saudade, fiquei deitado na cama, sonhando, acordando.

emmanoel cardoso.

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