sábado, 28 de fevereiro de 2009

_CHEGADA

Produzir um blog na temerária e esquizóide febre dos diários de debutantes - termo utilizado por Milton Hatoum para caracterizar a produção blogueira -, não é coisa fácil. Somos muitos. Uns falam sobre as políticas íntimas, outros expõem as fotos de sunga e biquíni do final de semana na praia, outros ululam novas santidades periféricas da pós-modernidade e também as menininhas cheias de hormônio e rock’n’roll colocam os peitinhos frescos em vídeos eróticos. Mas o trânsito é livre e gratuito. Se você desconfiar que tem talento para as letras, divulgue-se, tudo por aqui cheira a generosidade. Não precisa ser bonito nem ler Joyce pra poder falar, opinar, brigar, vociferar. A única e triste coisa que pode acontecer é ninguém ler as suas idiossincráticas bostas, exceto o amigo que vai achar “bonitinho” e “de muita sensibilidade” e criar o dele próprio.

Não foi preciso pedir qualquer espécie de apoio moral, editorial e financeiro para criar o _Tropicórnios, nem foi preciso ganhar um prêmio de letras para entrar no universo bloguerístico. Tampouco enfrentamos a ditadura ou gravamos canções. A baderna é muito mais ociosa e não precisamos enfrentar censuras. Nossa voz não é – e nem queremos que o seja – uníssona. Deixemos essa atividade leviana para os movimentos sufixais dos –ismos, porque muitos dos nossos colaboradores não se conheceram e talvez nunca se encontrem para falar sobre os novos modelos axiológicos ou hermenêuticos, sobre safra dos vinhos franceses ou a escritura dos gays e malditos saídos da República Turca de Chipre do Norte. Em sua maioria são pessoas que trabalham das 7h às 18h e ganham o salário mínimo. O que quer dizer que eles não vão ter tempo para discussões, encontros, simpósios, exposições etc.

Os plágios são permitidos, contanto que eles sejam originais (!). O _Tropicórnios não se responsabilizará por quaisquer processos judiciais, cujas pretensões deságuam numa quantia que o dono do “original” nunca poderia adquirir. Aliás, ser plagiado, ser chamado de viado, ladrão, preto tem rendido bons empregos. Não hesite em chamar-nos de homofóbicos, pretos, neonazistas, feministas, machistas. Teremos sempre um advogado à disposição, louco para ganhar com a nossa causa, os 15 salários mínimos que você esconde debaixo do colchão empoeirado.

Se um dos nossos quiser dar uma de bardo classicista, apresentando poesia com firulas e pseudoparnasianismos não precisa ler. Mande um e-mail para a nossa redação que ele será automaticamente punido e deletado do Olimpo tropicorniano. Neste sítio, tudo é permitido, menos as charlatices de graduando aspirante a membro da Academia Brasileira de Letras. Aliás, nesta a entrada é bem mais fácil e poderemos exilá-lo na mesa dos “eternos”, tomando chá com cirurgiões plásticos, empresários e publicáveis.

O _Tropicórnios pode ter nascido num motel, depois de um de nós ter visto a constelação numa noite densa e calma, através de um teto de vidro. Ou, se calhar, numa leitura de Claude-Lévi Strauss ou, ainda, nas páginas do signo de Capricórnio nas revistinhas de horóscopo de João Bidu. Lance suas apostas. Quantas coisas derivam de _Tropicórnios? Trópicos, Cornos, Pico, Rio, Irônicos, Topo, Corro, Sóis, Sírios, Roco, Rosno, Ir, Só, Rói, Corrói... Uma centopéia completa, sem pé nem cabeça. E se pretende apenas para os entendidos que não precisam de glossário.

Caso as feiúras poéticas e filosofadas botequistas chegarem até você de maneira que, não se possa escorrer pelo ralo da pia, isto é, numa daquelas cagadas que uma simples descarga não ajeite, por obséquio, não deixe a nossa incipiente privada enguiçar e venha cagar aqui também. Mande um e-mail (tropicornios@hotmail.com) pra gente. Mas lembre-se: a descarga daqui funciona muito bem. Cheiro.


Vaneilda Almeida da Paixão e Umberto Pavão RibeiroOs Editores

Um comentário: