emmanoel cardoso
Já chega! Cansamos de pagar a conta do motel depois daquela festinha, ter que “rachar a conta” da mesa de bar; isso, caso não se embriaguem após ter tomado uma dose de caipirinha e começar a discutir relacionamento, ou pior ainda, falar de tintura de cabelo, das novas tendências da moda, da sua predileção por gatos persas aos siameses. Claro, muito convencional se intrometer nos nossos momentos de prazer, pois, não há nada igual a boteco velho de beira de estrada, entupido de gente carcomida pelo tempo, senhores bufões gritando putaria, lembrando de quando não tinham hemorróidas e incontinência urinaria. Somente lá podemos “peidar” à vontade, limpar o nariz com a ponta da unha, beber cachaça “braiada” com todo tipo de raiz e falar besteiras de mil espécies. Mas se alguém interrompe esse ciclo inestimável de felicidade, ficamos “putos da vida”, realmente enfurecidos. Nesses momentos dá uma vontade imensa de mandar a “bruaca” pra puta que a pariu, mas não. Ainda assim, temos de ser cavalheiros, manter a cortesia de rapazes educados. Sempre “Romeus e Julietas”. Nunca, em hipótese alguma, morrer antes da lindinha terminar aquela “mijadinha” básica no banheiro dos fundos.
Por tudo isso, reivindicamos o direito de ficar em casa lambendo os beiços e assistindo ao programa da Ana Maria Braga, gritando com os filhos - aquelas pestes em forma de anões. Cortando as unhas, limpando, pintando. Lavando o cabelo, hidratando, secando. Eu sei, sei sim, isso leva um tempão, sei quão difícil é fazer aquele bolo de fubá solado que comemos no café da manhã. Mas não nos importamos com o gosto, nem com o destempero dos dias, queremos mesmo é usar o ócio criativo, e quando não tiver nem isso, “mijar” propositadamente na tampa do vaso que vocês acabaram de lavar.
Jamais esqueçam, ser reconhecido é ter tudo antes: é ter American Express!
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